Jardins

Estiquei o meu pulso para ele e encolhi os ombros - Eu sou uma bruxa por isso não fico para aí a morrer depois de beberes de mim e assim não ataques nenhum inocente. - tínhamos chegado a uma zona do jardim onde não se encontrava praticamente ninguém, apenas as luzinhas penduradas nas árvores e arbustos iluminavam o caminho à nossa volta - Não quero beber mais. - disse com uma careta - Isso sabe mal.

Levantei as sobrancelhas quando vi o pulso dela estendido na minha direcção. Olhei-o atentamente e agarrei-lhe no mesmo, aproximando-me aos poucos dela - eu não vou fazer nada disso. Para além disto, eu não gosto de morder no pulso - tinha que fazer demasiada força e mesmo assim parecia que não saía nada. - Eu também não te ia deixar beber.

Não sei bem porquê mas senti a minha respiração ficar ligeiramente mais acelerada assim que ele me agarrou no pulso e se aproximou do mesmo - Então gostas de onde? - perguntei tentado a minha voz soar normal mas não tinha bem a certeza se tinha resultado, continuava a sentir-me demasiado não eu. Ri-me com o que o Alec disse e encolhi os ombros - Só quero beber suminhos agora.

Afastei a minha mão do seu pulso deixando-o cair ao lado do seu coropo e olhei-a - onde é que achas que eu gosto - perguntei ficando a uma certa distância, não a queria magoar, apesar de tudo. Sorri quando se riu, devia ser a primeira vez que a ouvia a rir-se mesmo a sério. - Os suminhos também estão contaminados agora.

Olhei para ele, engolindo em seco quando ele falou tão perto de mim e encolhi os ombros, deixando o meu olhar fixo nos olhos dele que nunca tinha percebido que eram assim tão azuis - Não sei, há muitos outros sítios. - não haviam assim tantos sítios mas eu não estava lá muito bem - Há o pescoço, há as coxas. - abanei a cabeça rapidamente - E sei isto por causa dos filmes antes que digas o que quer que seja. - voltei a rir quando ele falou nos sumos mas fiz uma cara séria de seguida - Então vou beber águinha.

Soltei uma gargalhada quando me falou nas coxas - sim, aí é um bom sítio - coloquei delicadamente uma mão nas suas costas para a fazer andar - que filmes é que andas a ver? - perguntei-lhe - no palácio existe porno vampírico? - ri-me. Estava a afasta-la dali, para um sítio onde houvesse mais pessoas, ou ainda me ia descuidar e lá se ia uma gémea de Aurora. - Se houver por aqui.

Revirei os olhos com o que ele se meteu para ali a dizer e dei-lhe uma cotovelada na barriga - Não. Mas digamos que algumas das minhas amigas gostam de ver outro tipo de filmes e sexta à noite é noite de filmes. Cada semana uma escolhe um filme por isso temos de ver sem reclamar. - olhei em volta assim que o Alec me começou a levar em direção a uma zona com mais gente e voltei a rir - Se não houver não bebo nada.

-Admite, é uma princesa marota - disse com um sorriso, sorriso que rapidamente desapareceu quando apareceu na minha direcção uma onda quente que trazia o cheio de sangue. Como eu já tinha dito, podia já ter passado dois mil anos, podia passar mais dois, mas eu ia continuar incontrolável, já tinha nascido assim.Cerrei o maxilar quando senti a pressão dos meus caninos a quererem descer, e tentei controlar-me sustendo a respiração - alguém está ferido. - olhei para trás.

Olhei para o Alec com bastante atenção, quase como se o efeito do álcool já estivesse a passar e olhei em volta mal ele disse que alguém estava ferido, pelo que eu percebi logo o que se passava. Bem, não logo que eu ainda estava demasiado lenta por causa da bebida mas cheguei a essa conclusão - Alec. - chamei agarrando-lhe no braço - Não podes ir para ai e morder as pessoas, sabes no que é que isso vai resultar. - disse-lhe tentando não andar às voltinhas.

Não era bem fome o que se sentia, era mais instinto juntamente com vicío e o meu estômago ficava todo revirado e se não me alimentasse dava-me uma vontade horrorosa de vomitar como se tivesse que mandar todos os meus orgãos para fora, e o pior era que não tinha nada no estômago. O pior erro que eu fiz foi desprender a respiração, ela ficou mais ofegante e fui consumido pelo odor. Olhei para a mão de Jo e afastei-a antes que a magoasse, saindo dali.

- Alec! - voltei a chamar mas ele já tinha desaparecido. Bati com as minhas mãos de lado nas pernas e agarrei na saia do vestido que era demasiado comprida. Ainda me sentia tonta mas tinha que meter isso de lado agora porque precisava de impedir um híbrido de matar a minha escola inteira o que era bastante urgente. Ao menos não havia ninguém a prestar muita atenção uma vez que estava tudo preocupado com a festa por isso fechei os olhos por uns segundos enquanto entoava aquele cântico que me tinha ensinado e esperava para ver o local onde o Alec se encontrava.

Supostamente estava a fugir para o sítio contrário de onde o odor vinha, mas de repente já outro se tinha intersetado e quanto tentei sair para o outro lado, já havia mais outro, até que encontrei um corpo de uma mulher, já a tinha visto em algum sítio, devia ser professora da escola. Mesmo se eu quisesse alimentar-me não ia conseguir, a não ser que que quisesse lamber o chão. Olhei para trás quando ouvi passos e virei-me em posição defensiva para a mulher que estava a apontar-me uma pistola, supostamente de balas de prata ou madeira - como se isso me parasse - já tinha percebido que tinha sido uma emboscada. Era óbvio que o único burro que cometia o mesmo erro mais que muitas vezes só podia ser eu, nem um novato caíria tantas vezes.
-Estás fraco - fiz uma careta quando senti a minha pele ser perfurada por uma bala de prata, que me fazia arder o corpo todo e deixava-me ainda mais irritado. - e desatento - nem tive tempo de reação quando me cravaram uma estava no meu suposto coração.

Abri os olhos mal se formou a imagem de onde o Alec se encontrava e do que se estava a passar e comecei a andar depressa nessa direção uma vez que até a agarrar as sais era um bocado impossível correr com aquele vestido. Arregalei os olhos meio em choque quando vi uma mulher estendida no chão com uma data de sangue à sua volta e ainda fiquei mais chocada quando percebi que ela tinha sido minha stora de artes. Quando vi o Alec caido no chão é que acordei. Abanei a mão, fazendo com que a mulher que o tinha ferido fosse contra uma árvore e mal ela caiu sem sentidos, caminhei até ele - Alec? - chamei baixo.

Estiquei um braço até às minhas costas, tentando retirar a estaca que lá havia, mas os meus músculos tinham ficado repentinamente presos. Podia não morrer com uma estava no coração, mas era bastante desconfortável e sofucante, assim como respirar, podia não precisar, mas também era aflitivo. Levantei a cabeça quando ouvi um grito e foi aí que vi Jo. Cerrei o maxilar e tentei sentar-me - podes dar uma ajudinha? - perguntei com a voz meio sofrida e rouca.

Olhei para ele com atenção e só ai é que percebi que ele também tinha uma estaca cravada no peito, o que me fez suster o ar por uns segundos - Vou arrancá-la. - disse baixinho e coloquei as minhas duas mãos a agarrar a estacada de madeira - Isto vai doer. - saiu-me apesar de não fazer a mínima ideia se ia doer ou não. Respirei fundo uma vez, apesar de eu só ir tirar a estacada e ele é que a ter espetada no peito também era bastante stressante para mim. Mordi o lábio inferior e puxei a estaca que atirei para o chão de seguida.

Cerrei o maxilar quando ela disse que ia tira-la, mas ainda ficou mil anos a tentar preparar-se para fazer - tira - mandei-a ao mesmo tempo que ela a tirou. Fiz uma careta com um gemido grave e levantei-me devagar olhando para a mulher que me tinha atacado e o homem que me tinha espetado a estaca. Retirei a bala de prata que ainda me estava a irritar e mandei-a para o chão. Eu não devia fazer isto à frente de Jo, mas agora para além de esfomeado estava irritado. Avancei até eles e matei o homem, atacando o pescoço da mulher logo de seguida a mulher.

Fiz uma careta não de nojo mas mais de dor quando o vi a tirar a bala e abri a boca para falar mas nem tive tempo de o fazer porque o Alec já se tinha levantado e atacado as pessoas que lhe tinham feito mal. Engoli em seco, levantando-me devagarinho enquanto andava para trás. Eu sabia que ele não me ia conseguir fazer nada que eu não quisesse, era demasiado poderosa para ele mas mesmo assim, nunca tinha visto um vampiro a atacar e era assustador. Até porque eu sabia o que tinha acontecido aos meus pais, tinha sido exatamente isto.

Deixei o corpo dela cair quando já não havia mais nada e fiquei durante uns segundos de costas para Jo, ainda conseguia ouvir o batimento cardíaco dela e não me parecia que ela estivesse muito agradada com o que viu. Limpei a boca com a manga da camisola suja e só depois me virei para ela - acho que me esqueci o quanto doía ter uma estaca no coração - disse como se fosse uma coisa normal e avancei na direcção dela - eu não queria que tivesses visto isto.

Voltei a engolir em seco assim que vi o corpo inanimado da mulher cair no chão numa posição toda estranha e levantei o olhar para o Alec mal ele se virou de frente para mim, com a roupa suja de sangue dos ferimentos dele e sangue das pessoas de quem ele tinha bebida. Pelo menos ele não tinha magoado ninguém que não o merecesse, pelo menos isso - Não faz mal. - disse mais baixo que o costume ainda a tentar processar tudo - Não te preocupes. - disse sentindo-me meio tonta.

Fiquei a olha-la a tentar pensar o que fazer. Ela era toda inocente, podia tê-la chocado muito com o que tinha acontecido e para isso podia simplesmente apagar-lhe a memória, mas eu não o gostava de fazer, só quando precisava mesmo, porque isso deixava sequelas e ela ia ficar estranha - Estás bem? - perguntei meio apressado e parecendo não ter particuar interesse. - Queres vomitar? - fiz uma careta.

Andei para trás até me conseguir agarrar a uma árvore e abanei a cabeça com as perguntas do Alec, era para responder às duas. Não me sentia muito bem mas não sabia se era da bebida ou do choque do que tinha acabado de testemunhar - Acho que só preciso de me acalmar um bocadinho. - fechei os olhos e fui respirando fundo, tentando manter-me em pé sem desmaiar mas estava prestes a fazê-lo.

Olhei-a atentamente e aproximei-me dela mesmo sentindo que ela não o queria e agarrei-a quando cambaleou.
-Desculpa- devia ser a primeira vez que pedia de uma forma realmente verdadeira depois de tanto tempo. De qualquer maneira ela não ia perceber se lhe explicasse por isso só tinha a pedir. - vou levar-te à tua amiga.

Agarrei-me ao Alec para não cair e abanei a cabeça quando o ouvi pedir desculpa - Não precisas de pedir. - tentei meter-me direita e levantei o olhar para ele assim que disse que me ia levar para ao pé da Zoe - Não quero voltar para a festa. - disse agarrando-me melhor a ele porque ainda sentia as minhas pernas demasiado gelatinosas para estar em pé sozinha.

Acabei por agarra-la ao colo e olhei -a quando disse que não precisava de pedir desculpa- claro que precisava, dei-te demasiada bebida- comecei a andar para dentro daquela floresta- conhecias alguém?

Encostei a cabeça ao peito dele mal me agarrou ao colo e fechei os olhos, sentindo a minha cabeça demasiado pesada - Eu é que te tirei a garrafa da mão, não tiveste culpa. - relembrei-o e senti um arrepio com a pergunta dele - A mulher que estava estendida no chão sem sangue.. foi minha professora de arte. - respondi muito baixinho mas sabia que ele me conseguia ouvir.