Quarto do Nate

Entrei no meu quarto abrindo a porta de rompante e depois fechei-a da mesma maneira. Dei um pontapé nas malas que se encontravam no chão e respirei fundo tentanto manter-me calmo. O que ia ser dificil ao ter de viver com aquela parvalhona. Suspirei e entrei na casa de banho, despi as minhas roupas e meti-me debaixo do chuveiro abrindo a água fria. Fiz uma careta quando esta entrou em contacto com o meu corpo mas deixei estar.

A minha mãe entrou pela quarto adentro a informar que iamos ter um jantar de familia e de boas vindas aquela casa. Revirei os olhos ainda mais quando me mandou ir chamar o meu "irmão". Abri a porta do quarto dele e atirei-me para a cama - Maninhooooo.

Estava ainda no banho todo arrepiado com aquela água fria quando ouvi a voz da Rebecca vinda do meu quarto. O que é que ela estava aqui a fazer?! Fechei a água e tirei uma toalha do armário enrolando-a em volta do meu quadril. - Que estás aqui a fazer? - perguntei em tom de resmungo quando a vi na minha cama.

- Vamos ter um jantar de familia. - disse-lhe enquanto me apoiava nos cotovelos - Por isso despacha-te.

- Um jantar de família porquê? - perguntei fazendo uma cara confusa. Que nojo, odiava aqueles jantares todos chatos. - Sai daqui então, ou queres que me vista à tua frente? - perguntei com um revirar de olhos.

- Porque temos de celebrar a nossa familia e esta casa nova. - disse com um sorriso gigante enquanto dizia as palavras da minha mãe. Encolhi os ombros e mordi o lábio para não me rir - O que tens para ai, não deve ser nada que dê para ver.

Revirei os olhos com o que ela disse, aquilo deviam ser ideias da mãe dela que devia ser tão parva quanto a Rebecca. - Se fosse para celebrar uma coisa de jeito, mas não. É esta porcaria de vida aqui. - resmunguei e olhei-a fazendo um sorriso cínico. - Que piadinha. Saí já daqui Rebecca. - resmunguei.

- Vai ser bom, somos uma familia. - continuei a dizer as palavras da minha mãe. Abanei a cabeça e levantei-me até estar de frente para o Nate, olhando-o nos olhos - Não me apetece.

- Ui somos uma família muito fixe. - resmunguei. - Dispensava ser da tua família. - revirei os olhos e depois olhei-a quando se levantou e aproximou de mim. - Saí do meu quarto! - disse olhando-a também nos olhos.

- E eu da tua. - disse com um revirar de olhos - Estava bem como filha única. - olhei para a cara dele quando começou todo histérico e ri-me - Tem calma, pareces uma menina. É assim tão pequeno?

- E eu estava bem sem aturar chatas como tu. - disse fitando-a também. - Estás assim tão interessada em ver é? - perguntei enquanto me aproximava ainda mais dela.

- Porque tu és tudo menos chato. - disse com um revirar de olhos novamente. Mordi o interior da bochecha para não me rir quando ele se aproximou de mim e assenti, passando a ponta dos dedos pelo peito dele - Estou, Natezinho.

Revirei os olhos ao comentário dela e agarrei-lhe na mão afastando assim os seus dedos. - Está quieta e vai embora. - disse olhando-a. - Daqui a pouco a tua mãezinha está aqui a chatear e não ia gostar de ver estas coisas. - fiz um sorriso meio cínico.

Olhei para os meus dedos quando ele os afastou do meu peito e fiz um beicinho, sentando-me na ponta da sua cama de novo - A minha mãe não tem nada que ver estas coisas. E ela é que nos queria a dar-nos bem.

- Dar-nos bem como irmãos não de outras maneiras. - disse fitando-a. Nem eu queria de outras maneiras sequer, quanto mais distância dela melhor. - Sais a bem ou sais a mal? - perguntei.

Encolhi os ombros. Mordi o lábio para não me rir e levantei-me - Que violência, Nate. - virei-me para ele e semicerrei os olhos - Acho que és gay. - assenti com a cabeça - Sim, isso explica muita coisa.

- Sou muito violento já devias saber disso. - disse com um pequeno sorriso. Agarrei-lhe num braço puxando-a para mim e apertando-o ligeiramente. - Eu não sou gay. - resmunguei. - Tu é que deves ser lésbica já que nenhum rapaz deve conseguir aturar-te.

- E tu já devias saber que eu também. - disse-lhe com um sorriso. Pousei a mão do braço que ele não estava a agarrar no ombro dele e e encolhi os ombros - Não tentes adivinhar a minha vida sexual, Natezinho. Ou és gay ou - mordi o lábio - não tens material.

- Podes calar-te com essa porcaria?? - perguntei resmungando e larguei-a brutamente. - E saí daqui para fora já! - acrescentei fitando-a.

Cruzei os braços e fiz beicinho - Não sejas mau para mim. Nunca ouviste que não se trata assim uma rapariga? - aproximei-me dele enquanto mordia o lábio para não me rir e olhei-o.

- E achas que isso me interessa para alguma coisa achas? - perguntei com um revirar de olhos. - Ainda por cima, apetece-me tudo menos tratar-te bem. - disse cinicamente.

Voltei a fazer beicinho enquanto o olhava e fingi que ia começar a chorar - Isso magoa, Nate.. mesmo muito.. - tapei a cara com as mãos e mordi o interior da bochecha para não me rir.

Revirei os olhos e abanei a cabeça. - Como se isso me afetasse de alguma maneira. - encolhi os ombros e virei-lhe costas abrindo o roupeiro e escolhendo umas roupas para vestir. - És uma criancinha isso sim. - revirei os olhos. - A sério, os nossos pais deviam estar malucos quando decidiram vir viver para aqui.

Afastei os dedos para o conseguir olhar pelo espaço entre estes e tentei não me rir - Eles querem viver felizes para sempre. - ri-me - Se bem que o para sempre acontece-nos só a nós. Vê pelo lado positivo. Daqui a cinquenta anos, estamos livres.